sábado, 26 de outubro de 2013

Reciclando Vidas

Catadores da Asmare mostram a sua importância

Por: Diego Rodrigues, Luiz Henrique Vasconcellos, Mariana Carvalho e Igor Fernando  

Existe em Belo Horizonte oito cooperativas de reciclagem de resíduos sólidos, entre elas, a instituição chamada de ASMARE – Associação dos Catadores de Papelão e Material Reaproveitável. A entidade foi à primeira cooperativa, reunindo vários trabalhadores (catadores), visando à redução do lixo na cidade com a coleta seletiva.
Entre os anos 60 e 80, antes de existir cooperativas, esses trabalhadores eram considerados pela população como marginais. Essas pessoas sofriam ameaças com frequência e eram perseguidas diariamente por poderes públicos. Hoje em dia o reconhecimento dos governantes e da população já esta sendo alcançado, mesmo que ainda exista discriminação entre poucas pessoas da cidade. 
Foto: Arquivo SLU
                                        Foto dos anos 60, antes do surgimento das cooperativas
                                               Foto: Arquivo SLU
                                                                   Anos 80


Segundo a SLU – Superintendência de Limpeza Urbana, na capital 3.500 toneladas de lixo são recolhidas e encaminhadas diariamente ao aterro de Sabará. O recolhimento diferenciado e coleta seletiva do lixo é integrado como uma ação prioritária do órgão. Para viabilizar a iniciativa, as cooperativas apoiam os catadores que realizam esse tipo de coleta diariamente.
A maioria dos trabalhadores que hoje são associados à ASMARE, iniciaram o trabalho ainda na infância catando papel, papelão, plástico entre outros materiais recicláveis. Essas pessoas viveram atuando nesta única área, e suas famílias seguem o mesmo caminho. Quando uma mãe começa a catar materiais nas ruas junto com seu marido, traz consigo os filhos ainda novos, mais tarde vêm os netos e assim por diante. É uma vida levada que se passa de forma hereditária e isso não acontece por opção, mas por necessidade. 
                                      Foto: Acervo ASMARE
                                      Foto da entrada da ASMARE 
        
Maria das Graças Conceição, 62, desde os oito anos de idade luta para sobreviver no centro da capital. Ela nasceu na Pedreira Prado Lopes, local onde mora atualmente com o seu marido e seus nove filhos. Através desse trabalho ela sustenta a sua casa, afirmando que trabalha na ASMARE desde a fundação.  

“No começo apanhávamos da polícia, os fiscais colocaram fogo nos nossos carrinhos e hoje a ASMARE nos dá a segurança que precisamos”. (Marias das Graças) 

A maioria dos catadores infelizmente não teve acesso à educação, geralmente são pessoas de baixa renda, andam com trajes simples, porém no ano de 2010 a SLU e a ASMARE começaram a ministrar o curso para a capacitação de aproximadamente 250 catadores, prorrogando este curso até os dias de hoje. O estudo foi intitulado como “Melhorias de Padrão de Consumo e Gestão Ambiental” e trouxe um novo entendimento a estes trabalhadores. Aprenderam técnicas de triagem avançada, ou seja, separação por tipo de lixo, recebendo condução para o local da ministração do curso e refeições.
A chefe do Departamento de Políticas Sociais e Mobilização Urbana da SLU, Clarissa Germana, explica sobre a importância do curso. “O curso foi um marco na sociedade, foram seis meses de orientações, melhorando as vidas dos  catadores tendo uma mudança positiva e considerável em 2013”.
O trabalho deles favorece ao meio ambiente, mas  só se deram conta disso depois que começaram a atuar pela associação e também quando o governo reconheceu a necessidade de apoiar essas pessoas. Hoje eles são conscientes do quanto o lixo pode degradar a natureza, compreendendo que uma garrafa Pet ou um pneu, pode demorar a se desfazer no meio ambiente. Eles também entendem o quanto a ajuda deles é necessária para o bem estar da cidade e do planeta.
Para atuar na ASMARE, os catadores devem se associar, fazendo assim parte da cooperativa. Após se integrar, o catador recebe um curso de capacitação sendo totalmente gratuito e recebe também o apoio e a ajuda de todos os membros, passando para ele experiência e levantando a autoestima. 
                                      Foto: Arquivo SLU
                                  Foto tirada dentro da ASMARE
Os associados têm carga horária livre, eles mesmos limitam sua jornada de trabalho. Não tem horário fixo para chegar e nem para sair. Eles recebem um carrinho feito na marcenaria da própria ASMARE, para conseguirem carregar uma maior demanda de materiais.
O valor que eles recebem é referente à quantidade que produzem, ou seja, a quantidade de material que conseguem coletar. Para os catadores o lixo não representa entulho ou sujeira, o lixo é sinônimo de trabalho e renda, e quando transformado se torna matéria prima.
Com a experiência que os catadores adquiriram no trabalho, hoje eles tem a visão de que praticamente nada é lixo, tudo pode ser transformado e revigorado, o que difere da visão de boa parte da população, que logo se desfaz das coisas julgando-as como lixo.
Antônio Silva, 40 , é catador desde os 14 anos de idade. Aprendeu o oficio com os pais. Ele explicou como é ser catador nos dias de hoje. "Antigamente as pessoas olhavam com preconceito, parecia que eu era um bandido ou mendigo, mas sou apenas um homem honesto trabalhando para sobreviver", ressaltou.
 Retranca
Os catadores são conscientes de que o meio ambiente é responsabilidade de todos, e que é fundamental que todos façam sua parte pelo planeta em prol do futuro, ainda que seja somente separar o lixo, ou evitar jogar lixo na rua. Os catadores de materiais recicláveis são os verdadeiros médicos do meio ambiente, e hoje a natureza grita por socorro.

O resultado do esforço é comemorado com a consolidação da ASMARE, que completou 15 anos de existência. Com o trabalho, ganharam os catadores, mas também a cidade. 

Quem quiser conhecer ou até ajudar esses guerreiros. A ASMARE fica localizada na avenida do Contorno,10555 no bairro Barro Preto. 

2 comentários:

  1. RECICLANDO VIDAS
    Catadores da Asmare mostram a sua importância
    Por Diego Rodrigues, Luiz Henrique Vasconcellos, Mariana Carvalho e Igor Fernando
    Existe em Belo Horizonte oito cooperativas de reciclagem de resíduos sólidos, entre elas, a instituição chamada de Asmare – Associação dos Catadores de Papelão e Material Reaproveitável. A entidade foi a (-1) primeira cooperativa, reunindo vários trabalhadores (catadores), visando a redução do lixo na cidade com a coleta seletiva.
    Entre os anos 1960 e 1980, antes de existirem cooperativas, esses trabalhadores eram considerados pela população como marginais. Tais pessoas sofriam ameaças com frequência e eram perseguidas. Hoje em dia, o reconhecimento dos governantes e da população já esta sendo alcançado, mesmo que ainda exista discriminação entre poucas pessoas da cidade.
    Foto dos anos 60, antes do surgimento das cooperativas - Foto: Arquivo SLU
    Anos 80 - Foto: Arquivo SLU
    Segundo a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), na capital mineira, 3.500 toneladas de lixo são recolhidas e encaminhadas diariamente ao aterro de Sabará. O recolhimento diferenciado e a coleta seletiva do lixo são integrados (-1) como uma ação prioritária do órgão. Para viabilizar a iniciativa, as cooperativas apoiam os catadores que realizam esse tipo de coleta diariamente.
    A maioria dos trabalhadores que hoje são associados à Asmare (-1) iniciou o trabalho ainda na infância catando papel, papelão, plástico entre outros materiais recicláveis. Essas pessoas vêm atuando nesta área, e suas famílias seguem o mesmo caminho. Quando uma mãe começa a catar materiais nas ruas junto com seu marido, traz consigo os filhos ainda novos. Mais tarde, vêm os netos e assim por diante.
    Foto da entrada da Asmare - Foto: Acervo Asmare
    Maria das Graças Conceição, 62, desde os oito anos de idade luta para sobreviver no centro da capital. Ela nasceu na Pedreira Prado Lopes, local onde mora atualmente com seu marido e seus nove filhos. Através desse trabalho, ela sustenta sua casa, afirmando que trabalha na Asmare desde a fundação. “No começo, apanhávamos da polícia, os fiscais colocaram fogo nos nossos carrinhos. Hoje, a Asmare nos dá a segurança que precisamos”, conta.
    A maioria dos catadores, infelizmente, não teve acesso à educação. Geralmente, são pessoas de baixa renda, que andam com roupas simples. Porém, em 2010, a SLU e a Asmare começaram a ministrar o curso para a capacitação de aproximadamente 250 catadores, prorrogando-o até os dias de hoje. O estudo foi intitulado “Melhorias de Padrão de Consumo e Gestão Ambiental” e trouxe um novo entendimento para estes trabalhadores. Eles aprenderam técnicas de triagem avançada, ou seja, separação por tipo de lixo, recebendo refeições e condução para o local onde acontecia o curso.
    A chefe do Departamento de Políticas Sociais e Mobilização Urbana da SLU, Clarissa Germana, explica sobre a importância do curso. “Isso foi um marco na sociedade, foram seis meses de orientações, melhorando as vidas dos catadores e produzindo uma mudança positiva e considerável em 2013”.

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  2. O trabalho dos catadores favorece o (-1) meio ambiente. Mas tal reconhecimento só aconteceu depois que eles começaram a atuar pela associação e também quando o governo reconheceu a necessidade de apoiar essas pessoas. Hoje, eles são conscientes do quanto o lixo pode degradar a natureza, compreendendo que uma garrafa pet ou um pneu podem (-1) demorar a se desfazer no meio ambiente. Eles também entendem o quanto a ajuda deles é necessária para o bem-estar da cidade e do planeta.
    Para atuar na Asmare, os catadores devem se associar, fazendo assim parte da cooperativa. Após se integrar, o catador recebe um curso de capacitação, que é totalmente gratuito, além de contar também com o apoio e com a ajuda de todos os membros.
    Foto tirada dentro da Asmare - Foto: Arquivo SLU
    Os associados têm carga horária livre, eles mesmos limitam sua jornada de trabalho. Não têm horário fixo para chegar e nem para sair. Eles recebem um carrinho feito na marcenaria da própria Asmare, para conseguirem carregar uma maior demanda de materiais.
    O valor que eles recebem é referente à quantidade que produzem, ou seja, a quantidade de material que conseguem coletar. Para os catadores, o lixo não representa entulho ou sujeira: ele é sinônimo de trabalho, renda e, quando transformado, torna-se matéria prima.
    Com a experiência que os catadores adquiriram no trabalho, hoje eles têm a visão de que praticamente nada é lixo, tudo pode ser transformado e revigorado. Trata-se de um entendimento que difere da visão de boa parte da população, que logo se desfaz das coisas julgando-as como lixo.
    Antônio Silva, 40, é catador desde os 14 anos de idade. Aprendeu o oficio com os pais. Ele explicou como é ser catador nos dias de hoje. "Antigamente as pessoas olhavam com preconceito, parecia que eu era um bandido ou mendigo, mas sou apenas um homem honesto trabalhando para sobreviver", ressaltou.
    RETRANCA
    Os catadores são conscientes de que o meio ambiente é responsabilidade de todos, e que é fundamental que todos façam sua parte pelo planeta em prol do futuro, ainda que seja somente separar o lixo, ou evitar jogá-lo na rua. Os catadores de materiais recicláveis são os verdadeiros médicos do meio ambiente, e hoje a natureza grita por socorro. O resultado do esforço é comemorado com a consolidação da Asmare, que completou 15 anos de existência. Com o trabalho, ganharam os catadores, mas também a cidade. Para conhecer a Asmare, basta ir até sua sede, localizada na avenida do Contorno,10555 no bairro Barro Preto.

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