domingo, 27 de outubro de 2013

O LAR DE MARCOS

Instituição acolhe crianças à espera de adoção

Por: Fernanda Fernandes, Isabela Souza, Jéssica Marques e Thalita Rodrigues


O instituto espírita Lar de Marcos acolhe crianças desde 1968
O Lar de Marcos foi fundado em 1968, inicialmente com sede em Belo Horizonte, sendo transferido para Contagem em dezembro de 1982. É reconhecido como utilidade pública Municipal, Estadual e Federal. Tudo começou quando uma das fundadoras, dona Ofélia, encontrou um menino de rua chamado Marcos e resolveu acolhê-lo. É daí que vem o nome do lugar. Desde então, o Lar, como normalmente é chamado, vem cumprindo o propósito inicial de suas fundadoras Ofélia, Zenita e Jurema, que é o de abrigar, educar e amparar crianças órfãs ou em situação de vulnerabilidade social, funcionando como um internato completamente gratuito.

A princípio, eram acolhidos somente meninos, critério este definido pelas fundadoras, que não queriam misturar meninos e meninas. Mas, desde o ano passado, a instituição passou a receber meninas de zero a três anos. Givanilda Ferreira, com a ajuda da assistente social Sandra Silva, hoje tem a missão de cuidar de 20 crianças entre zero a 14 anos, e quatro bebês com menos de sete meses. Todas elas aguardam na fila de adoção da Vara da Infância e da Juventude de Minas Gerais.

“Somos uma família”A importância dos funcionários na criação das crianças


Givanilda nos contou um pouco sobre o Lar de Marcos. Ela é a coordenadora do instituto e se intitula “Mãe Social”. Ela afirma que tem praticamente as mesmas atitudes de uma mãe de verdade. “Ponho ordem na casa, zelo pela educação, pelo conforto e pela integração das crianças na sociedade”, conta. Givanilda acredita que tal integração irá acontecer por meio de uma nova família ou a partir da capacitação profissional daqueles jovens que não conseguem ser adotados.
Sandra, assistente social da instituição, tem a tarefa de orientar as famílias sobre seus direitos, proporcionando um melhor esclarecimento e dando a devida atenção às crianças. Ela diz que o Lar não tem a intenção de ser a casa permanente de nenhuma delas. “O foco é cuidar destas crianças até que sejam adotadas, mas tem todo um processo, que é através da Vara da Infância. Todas elas podem e precisam ser adotadas independentemente da idade que tiverem. Mas, infelizmente, a grande maioria das pessoas procura por crianças de pouca idade, recém-nascidos para ser mais objetiva. Além disso, a pele clara de meninos e meninas também interfere na escolha,” acrescenta.
Além das aulas regulares,
 as crianças também estudam informática e praticam esportes

Na maioria das vezes, as crianças que chegam ao Lar sofreram abandono, maus tratos ou algum tipo de violência. Todas elas, antes de serem encaminhadas ao instituto, são acolhidas pelo Conselho Tutelar ou pela Vara da Infância. “Quando chegam, fazemos de tudo para que se sintam em uma casa de verdade. Acolhemos essas crianças, dando disciplina e educação religiosa. Além de aulas regulares, também temos aulas extras como as de taekwondo, futebol e informática”, diz Givanilda. Há também o Kumon, técnica aplicada ao estudo da matemática, do português, do inglês (ou japonês), em que o aluno aprende a buscar a informação por si próprio, resolvendo e corrigindo exercícios com ajuda mínima do orientador, tornando-se quase um autodidata. Tudo isso, vem acompanhado de diversas outras capacidades, como hábitos de estudo, concentração, raciocínio lógico e agilidade mental. 
Farlei Henrique, de 13 anos, morador do Lar, vive tais práticas em seu dia a dia. Quando perguntado se gosta de morar na instituição, ele é direto. “Sim. Gosto de viver aqui, tenho meus ‘irmãos’, levo uma vida normal, tenho que estudar, fazer minhas tarefas e jogar bola, que é o que mais gosto.” E ainda acrescenta: “quando crescer, vou ser jogador de futebol". 

No Lar, 

as crianças se divertem com várias atividades educativas
Sandra diz que, no Lar, as pessoas exercem mais de uma função. “Fazemos tudo pelo Lar de Marcos. Ajudamos a cuidar de uma criança e da outra também. Querendo ou não, criamos vínculos uns com os outros. Somos uma família”. A instituição também ajuda as famílias de algumas crianças que moram no Lar, oferendo cestas básicas e apoio psicológico. Depois que os adolescentes completam 14 anos e ainda não foram adotados, eles são retirados do Lar e encaminhados para uma república, onde são orientados em seus afazeres e em como ser independentes no mundo lá fora. Tal república, onde podem ficar até completar 18 anos, é coordenada pelo "Pai Social”. O local é mantido pela Prefeitura de Contagem, através de verba enviada aos próprios adolescentes. “A maioria de seus ex-internos são hoje homens de bem, pais de família e trabalhadores,” diz Sandra.
Como a república, o Lar de Marcos recebe uma verba mensal que a Prefeitura de Contagem concede por cada criança cuidada. Ainda assim, esta verba não é suficiente para mantê-lo. A instituição também necessita de doações da população. Quem quiser pode fazer sua parte doando roupas, brinquedos, alimentos etc. Interessados podem entrar em contato pelo telefone (31) 3357-3459. O endereço é Rua Carlos Pinheiro Chagas, 170 – Ressaca, Contagem, MG, CEP 32113-460. Também é possível obter informações sobre o Lar de Marcos pelo site www.lardemarcos.org.br.

O PAPEL DOS LARES PROVISÓRIOS


Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), no Brasil cerca de 3,7 milhões de crianças e adolescentes são órfãos. Nesse índice, 60% são do sexo masculino. Há instituições como o Lar de Marcos que acolhem esses órfãos e zelam por sua integridade física e emocional, proporcionando, através de cursos de capacitação e projetos sociais, ações que contribuam para amenizar e transformar a realidade dessas crianças e adolescentes.

No Estatuto da Criança e do Adolescente, tais instituições são definidas como “provisórias e excepcionais”, previstas como uma medida de “proteção especial” (ECA, art. 101, parágrafo único). A aplicação dessa medida implica a suspensão do poder familiar sobre as crianças e os adolescentes em situação de risco e é concedida por decisão judicial. Isso significa que, durante o período em que permanecem abrigados, esses meninos ficam legalmente sob a guarda do responsável pelo abrigo. 


O atendimento dos órfãos é acompanhado pelas autoridades competentes a fim de garantir todos os direitos assegurados pela legislação brasileira, inclusive à convivência familiar e comunitária. Embora a promoção ao direito a tais tipos de convivência seja compartilhada com o Ministério Público, com os Conselhos Tutelares e com outros órgãos, é importante enfatizar que as instituições são fundamentais para a reestruturação social dessas crianças.

3 comentários:

  1. O LAR DE MARCOS
    Instituição acolhe crianças à espera de adoção
    Por: Fernanda Fernandes, Isabela Souza, Jéssica Marques e Thalita Rodrigues
    O instituto espírita Lar de Marcos acolhe crianças desde 1968
    O Lar de Marcos foi fundado em 1968, inicialmente com sede em Belo Horizonte, sendo transferido para Contagem em dezembro de 1982. É reconhecido como utilidade pública Municipal, Estadual e Federal. Tudo começou quando uma das fundadoras, dona Ofélia, encontrou um menino de rua chamado Marcos e resolveu acolhê-lo. É daí que vem o nome do lugar. Desde então, o Lar, como normalmente é chamado, vem cumprindo o propósito inicial de suas fundadoras Ofélia, Zenita e Jurema, que é o de abrigar, educar e amparar crianças órfãs ou em situação de vulnerabilidade social, funcionando como um internato completamente gratuito.
    A princípio, eram acolhidos somente meninos, critério este definido pelas fundadoras, que não queriam misturar meninos e meninas. Mas, desde o ano passado, a instituição passou a receber meninas de zero a três anos. Givanilda Ferreira, com a ajuda da assistente social Sandra Silva, (-1) hoje tem a missão de cuidar de 20 crianças entre zero a 14 anos, e quatro bebês com menos de sete meses. Todas elas aguardam na fila de adoção da Vara da Infância e da Juventude de Minas Gerais.
    “Somos uma família”
    A importância dos funcionários na criação das crianças
    Givanilda nos contou um pouco sobre o Lar de Marcos. Ela é a coordenadora do instituto e se intitula “Mãe Social”. Ela afirma que tem praticamente as mesmas atitudes de uma mãe de verdade. “Ponho ordem na casa, zelo pela educação, pelo conforto e pela integração das crianças na sociedade”, conta. Givanilda acredita que tal integração irá acontecer por meio de uma nova família ou a partir da capacitação profissional daqueles jovens que não conseguem ser adotados.
    Sandra, assistente social da instituição, tem a tarefa de orientar as famílias sobre seus direitos, proporcionando um melhor esclarecimento e dando a devida atenção às (-1) crianças. Ela diz que o Lar não tem a intenção de ser a casa permanente de nenhuma delas. “O foco é cuidar destas crianças até que sejam adotadas, mas tem todo um processo, que é através da Vara da Infância. Todas elas podem e precisam ser adotadas independentemente da idade que tiverem. Mas, infelizmente, a grande maioria das pessoas procura por crianças de pouca idade, recém-nascidos para ser mais objetiva. Além disso, a pele clara de meninos e meninas também interfere na escolha,” acrescenta.

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  2. Além das aulas regulares, as crianças também estudam informática e praticam esportes.
    Na maioria das vezes, as crianças que chegam ao Lar sofreram abandono, maus tratos ou algum tipo de violência. Todas elas, antes de serem encaminhadas ao instituto, são acolhidas pelo Conselho Tutelar ou pela Vara da Infância. “Quando chegam, fazemos de tudo para que se sintam em uma casa de verdade. Acolhemos essas crianças, dando disciplina e educação religiosa. Além de aulas regulares, também temos aulas extras como as de taekwondo, futebol e informática”, diz Givanilda. Há também o Kumon, técnica aplicada ao estudo da matemática, do português, do inglês (ou japonês), em que o aluno aprende a buscar a informação por si próprio, resolvendo e corrigindo exercícios com ajuda mínima do orientador, tornando-se quase um autodidata. Tudo isso, vem acompanhado de diversas outras capacidades, como hábitos de estudo, concentração, raciocínio lógico e agilidade mental.
    Farlei Henrique, de 13 anos, morador do Lar, vive tais práticas em seu dia a dia. Quando perguntado se gosta de morar na instituição, ele é direto. “Sim. Gosto de viver aqui, tenho meus ‘irmãos’, levo uma vida normal, tenho que estudar, fazer minhas tarefas e jogar bola, que é o que mais gosto.” E ainda acrescenta: “quando crescer, vou ser jogador de futebol".
    No Lar, as crianças se divertem com várias atividades educativas
    Sandra diz que, no Lar, as pessoas exercem mais de uma função. “Fazemos tudo pelo Lar de Marcos. Ajudamos a cuidar de uma criança e da outra também. Querendo ou não, criamos vínculos uns com os outros. Somos uma família”.
    A instituição também ajuda as famílias de algumas crianças que moram no Lar, oferendo cestas básicas e apoio psicológico. Depois que os adolescentes completam 14 anos e ainda não foram adotados, eles são retirados do Lar e encaminhados para uma república, onde são orientados em seus afazeres e em como ser independentes no mundo lá fora. Tal república, onde podem ficar até completar 18 anos, é coordenada pelo "Pai Social”. O local é mantido pela Prefeitura de Contagem, através de verba enviada aos próprios adolescentes. “A maioria de seus ex-internos são hoje homens de bem, pais de família e trabalhadores,” diz Sandra.
    Como a república, o Lar de Marcos recebe uma verba mensal que a Prefeitura de Contagem concede por cada criança cuidada. Ainda assim, esta verba não é suficiente para mantê-lo. A instituição também necessita de doações da população. Quem quiser pode fazer sua parte doando roupas, brinquedos, alimentos etc. Interessados podem entrar em contato pelo telefone (31) 3357-3459. O endereço é Rua Carlos Pinheiro Chagas, 170 – Ressaca, Contagem, MG, CEP 32113-460. Também é possível obter informações sobre o Lar de Marcos pelo site www.lardemarcos.org.br.
    O PAPEL DOS LARES PROVISÓRIOS
    Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), no Brasil cerca de 3,7 milhões de crianças e adolescentes são órfãos. Nesse índice, 60% são do sexo masculino. Há instituições como o Lar de Marcos que acolhem esses órfãos e zelam por sua integridade física e emocional, proporcionando, através de cursos de capacitação e projetos sociais, ações que contribuam para amenizar e transformar a realidade dessas crianças e adolescentes.

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  3. No Estatuto da Criança e do Adolescente, tais instituições são definidas como “provisórias e excepcionais”, previstas como uma medida de “proteção especial” (ECA, art. 101, parágrafo único). A aplicação dessa medida implica a suspensão do poder familiar sobre as crianças e os adolescentes em situação de risco e é concedida por decisão judicial. Isso significa que, durante o período em que permanecem abrigados, esses meninos ficam legalmente sob a guarda do responsável pelo abrigo.
    O atendimento dos órfãos é acompanhado pelas autoridades competentes a fim de garantir todos os direitos assegurados pela legislação brasileira, inclusive à convivência familiar e comunitária. Embora a promoção ao direito a tais tipos de convivência seja compartilhada com o Ministério Público, com os Conselhos Tutelares e com outros órgãos, é importante enfatizar que as instituições são fundamentais para a reestruturação social dessas crianças.
    25/24

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